18 Feb 2020

Professora da Unesp é identificada como uma das mulheres protagonistas da ciência brasileira

Sandra Padula, do IFT/Unesp, está entre as 50 mulheres protagonistas da ciência brasileira na área de Ciências Exatas e da Terra, de acordo com pesquisa do projeto Open Box da Ciência

 

A física Sandra Padula, do Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp, foi identificada como uma das 50 mulheres protagonistas da ciência brasileira na área de Ciências Exatas e da Terra pelo projeto Open Box da Ciência. A iniciativa, lançada oficialmente na quarta-feira (12/02) na Unesp, campus da Barra Funda, fez um levantamento de dados para chegar às 50 mulheres protagonistas em cinco áreas do conhecimento: Ciências Biológicas, Ciências Sociais Aplicadas, Engenharias, Ciências da Saúde e Ciências Exatas e da Terra.

Padula faz parte do São Paulo Research and Analysis Center (SPRACE) e da colaboração CMS do Large Hadron Collider (LHC), acelerador de partículas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN). Nesta área de atuação, a pesquisadora estuda o plasma de quarks e glúons (QGP, da sigla em inglês), estado da matéria criado em laboratório similar ao que se supõe ter existido no início do universo.

Para criar o QGP, o LHC é utilizado para acelerar íons pesados, como os de chumbo, e colidi-los entre si. A energia resultante do evento é tamanha que faz com que partículas fundamentais da matéria, quarks (constituintes de prótons e nêutrons) e glúons (mediadores da Força Forte) fiquem momentaneamente desconfinadas do interior dos prótons e nêutrons. Estudar as propriedades do plasma de quarks e glúons pode revelar mais informações sobre os primeiros momentos do universo após o Big Bang.

Desde 2017, Padula também é co-coordenadora do Comitê de Publicação do grupo de Íons Pesados, responsável por diversas etapas de verificação dos artigos do grupo antes da submissão para publicação.

Além de suas importantes contribuições à Física, a pesquisadora é organizadora do MasterClass no SPRACE, evento internacional de divulgação científica do CERN. O MasterClass leva estudantes de ensino médio para centros de pesquisa, onde aprendem mais sobre Física de Partículas, realizam atividades de análise de dados do LHC e têm a oportunidade de conversar com pesquisadores da área. Desde 2008, quando a primeira edição do MasterClass foi realizada em São Paulo, mais de 2 mil alunos vieram ao SPRACE para participar do evento.

Em 2015, após a Organização das Nações Unidas (ONU) estabelecer o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, o CERN decidiu realizar um MasterClass apenas para meninas. Padula imediatamente demonstrou interesse em trazer esse evento especial para São Paulo e, desde sua primeira edição em 2017, organiza também o MasterClass Feminino no SPRACE.

“Na Física sempre houve um número muito menor de mulheres do que de homens, e parece que essa diferença se acentua da graduação para o mestrado e do mestrado para o doutorado”, disse Padula. “Há uma ideia estruturada na sociedade, muitas vezes silenciosa, de que gostar de ciências exatas é uma característica masculina, o que não faz sentido. Esse é um problema cultural sério que propagamos, muitas vezes sem perceber. Por isso, é importante alertar as meninas que profissões em Ciências Exatas são possibilidades empolgantes de carreira e desmistificar a ideia de que essas áreas não são para elas”.

Para chegar às 50 mulheres protagonistas da ciência em cada área, o projeto Open Box da Ciência coletou dados por meio do “extrator de dados” da Plataforma Lattes. Foram levados em consideração critérios como quantidade de artigos publicados em revistas de impacto, ordem de autoria dos artigos, quantidade de premiações recebidas e quantidade de organizações e participações em eventos, como congressos, exposições e feiras.

“A iniciativa é muito interessante, importante e vai de encontro ao nosso esforço de mostrar o protagonismo feminino na ciência”, falou Padula. “Nos eventos MasterClass, procuramos inspirar meninas e mostrar a elas, por meio de conversas com cientistas em estágios diferentes da carreira, que é possível atuar na área. O Open Box da Ciência corrobora esse esforço dizendo que existem, sim, muitas mulheres trabalhando em ciência”.

O Open Box da Ciência é uma produção multidisciplinar da Gênero e Número, organização que trabalha na interseção entre pesquisa, jornalismo de dados e o debate sobre direitos das mulheres. Para saber mais, acesse o site do projeto em http://www.openciencia.com.br/.

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