Nobel de Física premia pesquisas sobre evolução do universo e descoberta de exoplanetas
James Peebles ajudou a explicar a evolução do universo após o Big Bang; Michel Mayor e Didier Queloz exploraram nossa vizinhança cósmica em busca de planetas desconhecidos
O Prêmio Nobel de Física de 2019, anunciado na terça-feira (08/10), foi concedido a três cientistas que ajudaram a construir a atual visão que nós temos do universo. Metade do prêmio foi para o canadense James Peebles (Universidade de Princeton) e a outra metade foi dividida entre os suíços Michel Mayor (Universidade de Genebra) e Didier Queloz (Universidade de Genebra/Universidade de Cambridge).
O trabalho de Peebles com física e cosmologia teórica começou na década de 1960, quando o conhecimento que tínhamos sobre o universo ainda era bastante impreciso. Distâncias cosmológicas eram estimativas, a idade do universo não era conhecida ao certo e muitos corpos celestiais como galáxias e nuvens de gás eram observadas, mas não muito bem explicadas.
Em 1964, os astrônomos Arno Penzias e Robert Wilson descobriram a radiação cósmica de fundo. O fenômeno, entretanto, já havia sido previsto por Peebles e outros cientistas. Esta radiação é o resultado do resfriamento do universo que ocorreu cerca de 400 mil anos após o Big Bang e permitiu que átomos de hidrogênio e hélio se formassem. Desta forma, raios de luz (radiação) conseguiram viajar pelo espaço.
A interpretação teórica de Peebles mostrou que nosso universo é formado por apenas 5% de matéria como nós a conhecemos – a matéria que forma planetas, galáxias e nós mesmos. Os outros 95% seriam constituídos por matéria escura – cuja natureza ainda permanece desconhecida – e energia escura – a energia responsável pela aceleração da expansão do universo.
“As ideias de James Peebles sobre cosmologia enriqueceram todo este campo de pesquisa e estabeleceram as bases para a transformação da cosmologia nos últimos cinquenta anos, da especulação à ciência. Seu referencial teórico, desenvolvido desde meados da década de 1960, é a base de nossas ideias contemporâneas sobre o universo”, divulgou o comunicado oficial do Prêmio Nobel.
A outra metade do prêmio foi concedida a pesquisas que nos ajudaram a mapear e entender o universo observável. Apesar de astrônomos suporem que deveriam existir muitos outros planetas similares à Terra orbitando estrelas similares ao Sol, até três décadas atrás não haviam evidências de nenhum caso como esse.
Em 1992, cientistas descobriram os primeiros planetas fora do sistema solar. Entretanto, eles orbitavam uma estrela que já havia colapsado e que, portanto, não eram bons candidatos para habitar vida.
Três anos depois, Mayor e Queloz descobriram um planeta que orbitava 51 Pegasi, uma estrela similar ao Sol que está a 50 anos-luz da Terra. Apesar do planeta também não ser habitável, a pesquisa apontou novos métodos que astrônomos poderiam usar para estudar sistemas planetários similares ao nosso. Desde então, mais de 4 mil exoplanetas foram descobertos na Via Láctea.
“Os laureados deste ano transformaram nossas ideias sobre o cosmos. Enquanto as descobertas teóricas de James Peebles contribuíram para nossa compreensão de como o universo evoluiu após o Big Bang, Michel Mayor e Didier Queloz exploraram nossas vizinhanças cósmicas em busca de planetas desconhecidos. Suas descobertas mudaram para sempre nossas concepções do mundo”, anunciou o comunicado do Prêmio Nobel.