O pesquisador Thiago Tomei do Núcleo de Computação Científica (NCC) da Unesp e membro do São Paulo Research and Analysis Center (SPRACE) e do Advanced Institute for Artificial Intelligence (AI2) teve o único projeto da área de Física selecionado no estado de São Paulo pelo Instituto Serrapilheira

O Instituto Serrapilheira anunciou na última sexta-feira (26/04) os 24 projetos de pesquisa selecionados dentre as 663 propostas apresentadas na 2ª Chamada Pública de Pesquisa Científica. O único projeto contemplado na área de Física no estado de São Paulo foi o de Thiago Tomei, pesquisador do Núcleo de Computação Científica (NCC) da Unesp e membro do São Paulo Research and Analysis Center (SPRACE) e do Advanced Institute for Artificial Intelligence (AI2). Seu projeto estudará técnicas de aprendizado de máquina com aplicação em etapas futuras de coleta de dados do Large Hadron Collider (LHC), quando o acelerador de partículas aumentará muito sua taxa de colisões (luminosidade).

Até sua última etapa de coleta de dados, o LHC produzia cerca de 40 colisões de prótons a cada 25 nanosegundos. Estes eventos geravam aproximadamente 1,6 Tb de dados por segundo, dos quais 2,5 GB eram selecionados para serem armazenados, processados e analisados. Se o desafio computacional de processamento já era grande, ele se tornará ainda maior nessa nova etapa, conhecida como High Luminosity LHC (HL-LHC), que deverá ter início em 2026. A expectativa é que o número de colisões quintuplique, o que fará com que 44 Tb de dados sejam produzidos por segundo, dos quais 60 GB precisarão ser selecionados para análises futuras.

“Técnicas de aprendizado de máquina já são utilizadas no LHC há vários anos e foram fundamentais para diversas medidas e descobertas realizadas até agora”, explicou Tomei. “Neste projeto, queremos trazer o estado da arte dessa tecnologia para a física de altas energias. O imenso fluxo de dados do HL-LHC representa um problema inédito e separar os sinais que estamos interessados em analisar de possíveis ruídos e interferências vai exigir as ferramentas mais avançadas que existem”.

As técnicas também poderão ser utilizadas para criar modelos de simulação de resultados baseados nos modelos teóricos. Desta forma, ao comparar os resultados observados pelo HL-LHC com as simulações será possível determinar se a experimentação está de acordo com a teoria ou se fenômenos inesperados foram encontrados.

Os 24 projetos contemplados pelo Instituto Serrapilheira receberão até R$ 100 mil para serem utilizados no desenvolvimento das pesquisas. Após um ano serão reavaliados e três deles poderão receber até R$ 1 milhão por três anos adicionais. Mais informações sobre os projetos podem ser encontradas no site do Instituto em https://serrapilheira.org/serrapilheira-anuncia-24-pesquisadores-contemplados-com-ate-r-100-mil/.