Introdução

A Escola de Professores no CERN em Língua Portuguesa (Centro Europeu de Pesquisas Nucleares) é um evento que ocorre por iniciativa do Setor de Educação do CERN e que, até o ano de 2008, foi sempre dirigido a professores portugueses. 

Como resultado de negociações iniciadas em maio de 2009 por parte de pesquisadores brasileiros do CBPF e de integrantes da então diretoria da Sociedade Brasileira de Física foi aberta a possibilidade de participação de professores brasileiros no programa do ano de 2009, como ampliação da cooperação com Portugal estabelecida com o LIP (Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas). Essa participação efetivamente teve início no período de 30 de agosto a 4 de setembro de 2009, continuando também nos anos de 2010 a 2016. Durante esse período o Programa foi organizado com o apoio da Sociedade Brasileira de Física. A partir de 2018 a “Escola de Professores no CERN” passou a ser apoiada pelo Centro de Pesquisa e Análise de São Paulo (SPRACE) e pelo Instituto Principia de São Paulo. 

A Escola de Professores no CERN em Língua Portuguesa, realizada nas dependências do CERN em Genebra, na Suíça, tem como proposta abordar assuntos relacionados à Física de Partículas em suas atividades com os professores de Ensino Médio, com a intenção de que esses sejam posteriormente desenvolvidos com seus alunos. Tem, portanto, como objetivo principal capacitar professores para que os mesmos contemplem tópicos de Física de Partículas Elementares em suas aulas de Ensino Médio, usualmente considerados altamente complexos, em níveis acessíveis aos alunos.

A Escola realizada no ano de 2009 contou com a participação de 45 professores portugueses, 12 professores brasileiros e cinco professores moçambicanos e se desenvolveu através de palestras proferidas por pesquisadores brasileiros e portugueses ligados a algum experimento no CERN. Também foram realizadas várias visitas ao complexo experimental do CERN, através das quais os professores puderam ter a oportunidade de avaliar a magnitude dos experimentos em desenvolvimento. Nesse ano o financiamento da participação dos professores ocorreu com recursos do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). 

A partir do ano de 2010 o financiamento da participação dos professores das escolas públicas passou a ser feito pela CAPES. Nesse ano, além dos professores portugueses e africanos de países da CPLP, a delegação brasileira chegou a 20 professores do Ensino Médio e um professor coordenador do grupo. No ano de 2011, num total de 75 participantes da escola, entre professores portugueses e professores de todos os países da CPLP, foram selecionados novamente 20 professores brasileiros (11 das Redes Estaduais de ensino, dentre os quais seis do programa PIBID; cinco da Rede Federal e quatro da Rede Particular) que foram acompanhados por um professor coordenador do grupo. No ano de 2012, contando com 74 participantes entre professores portugueses e professores de todos os países da CPLP, foram selecionados 30 professores brasileiros (19 professores das Redes Estaduais de ensino, dentre os quais 15 do programa PIBID; seis da Rede Federal e cinco da Rede Particular), acompanhados por um professor coordenador do grupo. A Escola de 2013 contou com um total de 70 participantes, dentre os quais 30 professores brasileiros (21 professores das Redes Estaduais de ensino, sendo 14 do programa PIBID, cinco da Rede Federal e quatro da Rede Particular), que foram acompanhados por um professor coordenador do grupo e um professor coordenador auxiliar. Em 2014, dentre os 70 participantes da Escola, 30 eram professores brasileiros (21 das Redes Estaduais de Ensino, dentre os quais 14 do programa PIBID, sete da Rede Federal e dois da Rede Particular), que foram acompanhados por dois professores coordenadores.

No ano de 2015 em função de cortes orçamentários, o Programa brasileiro (Escola de Física CERN) deixou de ser financiado pela CAPES. Entretanto, de forma a evitar a perda dos acordos internacionais já estabelecidos, tanto com o LIP, como e principalmente com o CERN, a Escola de Física CERN pôde acontecer, mas com os professores selecionados arcando com suas próprias despesas e a SBF com as despesas dos coordenadores. Em consequência, em 2015 a participação brasileira diminuiu, contando com 22 professores brasileiros, sendo seis da Rede Estadual, 11 da Federal e 5 escolas particulares. Destaca-se o decréscimo da participação dos professores das Redes Públicas Estaduais, que, sem financiamento oficial, ficaram impossibilitados de arcar pessoalmente com os custos de viagem e estadia.

Em 2016 a falta de financiamento se manteve. Mas, mesmo assim, 20 professores brasileiros foram selecionados e participaram da Escola de Professores no CERN em Língua Portuguesa. Desses, três eram de Redes Estaduais, nove da Rede Federal e oito da Rede Particular. Novamente, observou-se de forma acentuada, o decréscimo da participação de professores das Redes Públicas Estaduais.

No ano de 2017 a Escola de Professores no CERN em Língua Portuguesa ocorreu no período de 3 a 8 de setembro, novamente com a participação de professores brasileiros. Como já vinha ocorrendo em anos anteriores, os professores brasileiros participaram, antes de irem para Genebra, de um minicurso em Lisboa, no LIP nos dias 31/08 e 01/09 e após a Escola no CERN em Genebra, fizeram uma visita ao Museu e a casa Einstein, em Berna na Suíça.

No ano de 2018, o SPRACE e o Instituto Principia, com o apoio logístico do LIP, que é o responsável pela organização da participação dos professores de língua portuguesa, mobilizaram-se para proporcionar aos professores brasileiros essa experiência ímpar. Além do apoio financeiro, essas instituições buscaram ainda obter recursos para que seja possível auxiliar nas despesas dos professores, principalmente aqueles oriundos das escolas das Redes Públicas estaduais.

As Escolas de Física do CERN têm contado com atividades desde a manhã até à noite em quase todos os dias do evento, incluindo cursos, palestras e visitas aos experimentos. Além disso, o contato com outros professores de Física do Brasil e de diferentes países tem sido extremamente úteis para a troca de experiências e aquisição de novos conhecimentos, sendo de extrema importância para serem transmitidos aos alunos do ensino médio e superior, bem como a todos os professores das respectivas regiões de atuação de cada professor participante do evento.

Devido a pandemia SARS-Cov2 não foi possível realizar de forma presencial as edições 2020 e 2021 da Escola de Física CERN, que tem previsão de retorno em agosto/setembro de 2022. No entanto, a fim de continuar promovendo Física de Partículas a estudantes e professores da Educação Básica, realizamos de 02 a 20 de novembro a 1ª Escola de Professores no CERN  Online em Língua Portuguesa.

Objetivos

Dentre os objetivos dessa iniciativa, encontram-se:

  • Abrir o CERN aos Professores de escolas brasileiras através do programa em parceria com Portugal, e, através destes, aos seus alunos e à escola em que atuam; 
  • Dar formação intensiva de atualização de conteúdos na área de Física Moderna, em particular em Física de Partículas e em Cosmologia, e nas tecnologias avançadas, introduzindo os grandes problemas e questões que se colocam na Ciência de hoje (por exemplo, em matéria escura, energia escura, assimetria matéria-antimatéria)
  • Estabelecer relações pessoais e canais de esclarecimento, apoio e/ou encaminhamento entre os professores portugueses, africanos e brasileiros, propiciando benefício aos nossos professores;
  • Motivar os professores para aprender mais e, através deles e do seu entusiasmo crescente, chegar aos alunos e despertar neles a centelha da “curiosidade apaixonada”;
  • Trazer aos investigadores a realidade escolar brasileira, para motivar os investigadores a realizar mais ações de divulgação e de interação com os professores e os alunos em ambiente escolar. 

DIFUSÃO DA EXPERIÊNCIA E DO CONHECIMENTO ADQUIRIDO

A difusão da experiência vivida pelos professores que visitaram e visitarão o CERN deve ser o elemento mais importante na idealização e realização da participação do Brasil nesse evento. É expectativa que seja organizado, no âmbito e sob supervisão dos parceiros envolvidos, um grupo que centralize e compartilhe essas experiências e incentive e divulgue as ações vinculadas ao projeto de visitas ao CERN.

Nesse sentido, considerando a preocupação com a formação de professores da Educação Básica por parte de órgãos governamentais, seria de suma importância que os professores brasileiros participantes dessa experiência pudessem compartilhá-las da maneira mais ampla possível, com seus colegas em formação inicial e também continuada, como por exemplo, associando-se a projetos de formação já em andamento. Esse compartilhamento, que poderia acontecer através de palestras e/ou cursos, possibilitaria aos docentes em formação o acesso a informações consideradas hoje altamente desejáveis na sua trajetória formativa.

Algumas das propostas que têm sido desenvolvidas pelos professores participantes, abaixo apresentadas, devem se constituir em metas a serem perseguidas e poderiam ser desenvolvidas em eventuais ações visando contribuir para a formação de professores:

  • Utilizar o material didático usado na escola do CERN como referência em disciplinas ministradas na Graduação e Pós-Graduação; 
  • Ministrar cursos de Introdução à Física de Partículas para alunos de ensino médio e de graduação; 
  • Ministrar cursos de Introdução à Física de Partículas para alunos da Licenciatura em Física;
  • Ministrar cursos de Introdução à Física de Partículas em programas de formação continuada de professores de Física;
  • Utilizar versões simplificadas do material do CERN e as fotos tiradas dos experimentos CMS, ATLAS e LHCb para divulgação das atividades;
  • Divulgar a atividades nos meios de comunicação das instituições de ensino de origem, através de palestras, conferências, etc.;
  • Apresentar seminários a respeito da experiência em instituições de ensino; 
  • Confeccionar materiais didáticos e paradidáticos para o ensino e divulgação de Física das Partículas no ensino médio e formação de professores;
  • Criar um sítio virtual, preferencialmente vinculado à SBF, para divulgar material ligado à divulgação de Ciências e de Física de Partículas;
  • Criação de uma Escola Brasileira para Formação de Professores em Física das Partículas ou Física Moderna que poderia ser oferecida anualmente aos professores de Física.

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